Margarida Sardinha
Hyperbolic Curves usa elementos de geometria hiperbólica, que foi desenvolvida de forma independente por Lobachevsky e Bolyai e modela espaços análogos ao espaço euclidiano, mas de tal forma que o postulado das paralelas de Euclides já não é assumido como verdade. Desconstrói um cubo na superfície de uma esfera devido ao facto de ambos serem homeomórficos num modo liminocêntrico, similar a definições recursivas em espaços hiperbólicos.

Hyperbolic Hyparxis está interligada com o modelo supersimétrico das variedades de Calabi-Yau e transmite o simbolismo de estruturas geométricas sagradas como sombras de imagens liminocêntricas ou fractais contemporaneamente desenvolvidas através de multiversos usando uma corrente múltipla de ilusões ópticas hiperbólicas estruturadas como um sistema poliédrico rhizomático (hyparxis). Estes poliedros são desconstruídos à semelhança de variedades de Calabi-Yau, que são descritos em certos ramos da matemática, tais como a geometria algébrica. As propriedades das variedades de Calabi-Yau, tal como a curvatura de Ricci ser nula, também têm aplicações em física teórica. Particularmente na teoria de supercordas admite-se a existência de dimensões extra do espaço-tempo que adquirem a forma de uma variedade Calabi-Yau de dimensão 6, o que levou à ideia de simetria de espelho – mirror symmetry – entre esse tipo de espaços.

Loop Hyperbolic Polyhedra fundamenta-se na dualidade auto-referencial da documentação de Hyperbolic Polyhedra – quatro esculturas duais de grande formato que revelam a progressão geométrica precípua do Triângulo até ao Hexágono passando pelo Quadrado e o Pentágono que respectivamente dão origem em três dimensões ao Tetraedro, Cubo, Dodecaedro e Tetraedro-Truncado. O trabalho define-se assim como um Log, ou meta-documentação, digital descrevendo um ciclo, Loop, revelando os dois lados complementares de cada escultura e a relação geométrica entre os quarto polígonos em sequências animadas dos vários ângulos destas esculturas duplas. Esta meta-documentação maquinizada em loop deve-se aos dois lados de cada trabalho documentado transmitirem a dualidade entre côncavo e convexo como sendo dois mundos internamente consistentes que quando justapostos produzem um mundo composto completamente inconsistente ou paradoxal.

BIO
Margarida Sardinha (Portugal) é uma artista e realizadora de filmes experimentais. Estudou, viveu e trabalhou em Londres durante dez anos, frequentou Fine Art Combined Media em Central Saint Martins e no Chelsea College of Art and Design. A sua prática cross-media compreende instalação site-specific, filme, animação e fotografia digitais. O seu principal intento é a produção de ilusões de óptica sobre o espiritual na arte, usando assim conceitos paralelos dentro da literatura, filosofia, religião comparativa, ciência, cinema e arte. Teve cinco exposições individuais de relevo: Faculdade de Ciências de Lisboa, Centro Ismaili da Fundação Aga Khan de Lisboa, Carousell-London, Centro Cultural da Ericeira e Casa Museu Fernando Pessoa em Lisboa. Os seus filmes experimentais foram seleção oficial de mais de trinta festivais internacionais e ela venceu o prémio de Best Cinematic Vision Award do London Film Awards, também se distinguiu com o Melhor Filme Experimental do Hollywood Reel Independent Film Festival e mais cinco festivais internacionais.