Queremos perceber e sentir como os nativos digitais chineses vêem o mundo e o representam.
Obras seleccionadas para GenY
- Sun Xiaoxing
- Thianyi Zhang and Ling Liu
- Yang Jian
- Hong Wai
- Jiayu Liu
- Kenny Wong
- Yuge Zhou
- Kenny Wong
- Jiayu Liu
- Hong Wai
- Yang Jian
- h0nh1m (Chris Cheung)
- Cheuk Wing Nam
Artistas
Na edição anterior do New Art Fest a arte tecnológica online no continente americano foi o país convidado. Desta vez, a estrela chama-se China – de Macau, Hong-Kong e Formosa até Hangzhou, Guangzhou, Xangai e Pequim. Esta não é uma viagem política, mas cultural, ao interior das dinâmicas mais avançadas da arte chinesa tornada possível pela abertura política criada por Deng Xiaoping (1904-1997).
O recente e extraordinário desenvolvimento económico e social da China levou-a às portas de um verdadeiro renascimento cultural, largamente influenciado na tradição cultural e artística europeia. O grito anti-mercantilista “laissez faire, laissez aller, laissez passer” — que tem curiosamente um seu antepassado filosófico na máxima taoista chinesa Wu wei (无为) — é um passaporte para a liberdade comercial, para a liberdade da ciência, para a liberdade da tecnologia e da arte, e para a tolerância cultural. Porém, na sua essência, ecoa uma atitude pragmática, dialéctica e convivial característica dos povos marítimos da Europa, desenvolvida ao longo de mais de três milénios nas margens do Mediterrâneo, do Mar Egeu até à Península Ibérica. Este relativismo cultural, aberto ao conhecimento e à novidade, sempre disposto a negociar com vantagem para as partes, tornou-se a pouco e pouco numa casa comum da humanidade.
A curiosidade e também a perplexidade que a diferença de costumes e convicções desperta entre povos geograficamente distantes, as contradições momentâneas, fazem naturalmente vibrar os diapasões de sensibilidade intrinsecamente apurados dos artistas chineses, nomeadamente dos mais novos.
A interferência cultural motivada pelos atritos entre mundos históricos e culturais distintos estimula a criatividade dos artistas globais, isto é, daqueles para quem o mundo foi encolhendo à medida que a massificação da aviação se expandiu. O reflexo artístico desta agonística inter-territorial é assim fundamental para melhor entendermos as diferenças que ainda persistem entre o Ocidente e o Oriente. A imensa colaboração e partilha de visões do mundo e de vida entretanto conseguidas em três décadas de intensas viagens e cooperação nos mais diversos domínios tem vindo a esbater cada vez mais rapidamente conteúdos e formas que há menos de meio século pareciam incomensuráveis.
Reunir e mostrar a mais jovem arte chinesa, ainda que seja apenas uma mostra incompleta, uma filigrana, é porventura uma oportunidade insubstituível para conhecermos melhor a China para lá das sombras.
O critério curatorial desta exposição, a que demos o título ‘Gen Y, Chinese new media’ é, na sua essência, geracional. Queremos perceber e sentir como os nativos digitais chineses vêem o mundo e o representam, como se vêem neste mundo dividido e se dão a conhecer enquanto sensores supra-sensíveis da casa comum a que chamamos humanidade.