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Obras seleccionadas para GenY

, A decorrer desde 2018
Vídeo, 10′ 40″ – “Alex Fabulouse Show” no Zelffie | Projecto de Thianyi Zhang & Ling Liu
, 2008-2017
Vídeo da performance na instalação “Forest of Sensors” ( 1’57”)​ by Yang Jian; sensores de vibração e objectos
, 2019
Vídeo, 2’00” | Instalação imersiva – Digitalização em 3D, mapeamento de projeção e telefones equipados com software de realidade aumentada
, 2013
Série de peformances; enxame de drones voadores semi-autónomos equipados com with altifalantes.
, 2017
Projeção de vídeo no chão e cubo central com relevo, 3,48m x 3,48m x 45,72cm (documentação em vídeo, loop infinito)
, 2017
Performance vídeo 22´06″; Percussionista: Karen Yu; Compositor: Zihua Tan; Artista media: Kenny Wong; Engenheiro de Som: Will Bennett
, 2017
Instalação de Som Interativa: Estrutura mental, fruta e vegetais frescos. Técnicas C++
, 2014
Channel-vídeo instalação (3’25”)
, 2017-18
Documentário fictício | HD video (colour, sound, 33’08”)
, 2018
single channel HD Video (color, stereo sound) 2´11” | © Yang Jian – courtesy WHITE SPACE BEIJING, Beijing
, 2016
Filme de animação – experiência visual 3D
, 2017
Vídeo animado | Tears of Chiwen (9´00″), de Sun Xun
, 2019
Documentação da performance de Cheuk Wing Nam DIY “wingtronics” no evento, One Ear to Hear – ON(H)(E)AR), in Tai Kwun, Hong Kong em Out 2019.

Artistas

Na edição anterior do New Art Fest a arte tecnológica online no continente americano foi o país convidado. Desta vez, a estrela chama-se China – de Macau, Hong-Kong e Formosa até Hangzhou, Guangzhou, Xangai e Pequim. Esta não é uma viagem política, mas cultural, ao interior das dinâmicas mais avançadas da arte chinesa tornada possível pela abertura política criada por Deng Xiaoping (1904-1997).

O recente e extraordinário desenvolvimento económico e social da China levou-a às portas de um verdadeiro renascimento cultural, largamente influenciado na tradição cultural e artística europeia. O grito anti-mercantilista “laissez faire, laissez aller, laissez passer” — que tem curiosamente um seu antepassado filosófico na máxima taoista chinesa Wu wei (无为) — é um passaporte para a liberdade comercial, para a liberdade da ciência, para a liberdade da tecnologia e da arte, e para a tolerância cultural. Porém, na sua essência, ecoa uma atitude pragmática, dialéctica e convivial característica dos povos marítimos da Europa, desenvolvida ao longo de mais de três milénios nas margens do Mediterrâneo, do Mar Egeu até à Península Ibérica. Este relativismo cultural, aberto ao conhecimento e à novidade, sempre disposto a negociar com vantagem para as partes, tornou-se a pouco e pouco numa casa comum da humanidade.

A curiosidade e também a perplexidade que a diferença de costumes e convicções desperta entre povos geograficamente distantes, as contradições momentâneas, fazem naturalmente vibrar os diapasões de sensibilidade intrinsecamente apurados dos artistas chineses, nomeadamente dos mais novos.

A interferência cultural motivada pelos atritos entre mundos históricos e culturais distintos estimula a criatividade dos artistas globais, isto é, daqueles para quem o mundo foi encolhendo à medida que a massificação da aviação se expandiu. O reflexo artístico desta agonística inter-territorial é assim fundamental para melhor entendermos as diferenças que ainda persistem entre o Ocidente e o Oriente. A imensa colaboração e partilha de visões do mundo e de vida entretanto conseguidas em três décadas de intensas viagens e cooperação nos mais diversos domínios tem vindo a esbater cada vez mais rapidamente conteúdos e formas que há menos de meio século pareciam incomensuráveis.

Reunir e mostrar a mais jovem arte chinesa, ainda que seja apenas uma mostra incompleta, uma filigrana, é porventura uma oportunidade insubstituível para conhecermos melhor a China para lá das sombras.

O critério curatorial desta exposição, a que demos o título ‘Gen Y, Chinese new media’ é, na sua essência, geracional. Queremos perceber e sentir como os nativos digitais chineses vêem o mundo e o representam, como se vêem neste mundo dividido e se dão a conhecer enquanto sensores supra-sensíveis da casa comum a que chamamos humanidade.

António C. Pinto