A paixão de Edu Fernández é um remake do filme de 1928 ‘The Passion of Joan of Arc’ de Carl Theodor Dreyer.

O comportamento de Juana – interpretado pela lendária actriz Maria Falconetti – recorda os sintomas de uma psicose, e ilustra a patologização das mulheres; da mesma forma, a exploração e desumanização do grande autor (o indígena, o proletariado, o estrangeiro…).

Todos estes fenómenos foram essenciais para o desenvolvimento do imperialismo colonial e para a subsequente industrialização do Ocidente.

A filósofa italiana Silvia Federici aponta a caça às bruxas medievais como a primeira acumulação de capital pré-moderno, e o performer Edu traduz esta história para a linguagem contemporânea das políticas de identidade e das tecnologias dos meios de comunicação social.

Edu torna o espectador parte de uma história íntima, construindo um espaço imaginário onde podemos questionar os limites do ethno – dogma nacionalista.

Mantendo-se atento às comunidades emergentes (trans) contemporâneas, onde o sexo, a raça ou a classe se dissipam, deixando a comunidade com aquele sentimento de incerteza tão característico do fim do modernismo.